Conheça o processo de pintura KTL ou cataforese
A pintura eletroforética catódica foi desenvolvida para atender às exigências da indústria
automobilística, de eletrodomésticos e de autopeças, seguindo principalmente os requisitos
anticorrosivos. Desde então, ela passou a ser reconhecida por diversos nomes, como pintura
eletroforética, cataforese (de eletro disposição catódica), electropaint, elpo (de eletro
disposição), paint plating, EAD, CED, KTL, DKTL, HFBEC, entre outras. A seguir, veja como
ocorre o processo de pintura cataforética.
Qual é a história da pintura cataforética?
A pintura cataforética é um dos primeiros métodos de pintura desenvolvidos. Desde o século
XIX, os fenômenos físico-químicos que compõem a eletrodeposição já eram conhecidos. Mas foi
somente no século seguinte que os estudos desses fenômenos foram aprofundados pelos
cientistas. Na década de 1950, os primeiros estudos para aplicação de pintura automotiva
surgiram e, em 1962, a Ford utilizou pela primeira vez o processo eletroforense para a
pintura de rodas. Em 1963, a empresa usou a eletroforese para pintar seus automóveis e, na
mesma década, o processo passou a ser empregado na indústria em geral.
O que é o revestimento por eletroforese?
Esse processo visa revestir uma peça com o intuito de que ela fique mais resistente à
corrosão. Nele, as partículas de tinta são transportadas para a peça por efeito elétrico.
Assim, é garantida uma total penetração e cobertura de tinta na peça. Atualmente, o sistema
cataforese é o preferido no setor automobilístico, utilizado principalmente como uma primeira
demão ou como primer para carros automotores e peças.
Da frota atual de veículos, 99% possuem peças que utilizam essa tecnologia para acabamentos
de alta proteção. A resina mais comum é o Epóxy, que protege contra a corrosão.
Como é o processo de pintura?
A pintura engloba uma série de etapas de pré-tratamento e pré-limpeza, garantindo a qualidade
do filme depositado. Este é o responsável pela proteção superficial do substrato, que pode
ser uma chapa em aço, chapa zincada/galvanizada, ferro fundido, alumínio, entre outros
materiais. O processo é totalmente automatizado e controlado por um Sistema Supervisório, que
garante a rastreabilidade de todo os processos e uma elevada qualidade da pintura.
Essa pintura é trabalhada sob o princípio da atração de polos opostos. Basicamente, a
eletroforese ocorre quando um corpo metálico é mergulhado em um banho de tinta especial,
diluída em água. Em seguida, o corpo passa por uma corrente elétrica, sendo a peça
interligada a um polo e as partículas de tinta aos eletrodos. Após a pintura, a peça é
submetida ao processo de secagem e polimerização. Dependendo da tinta, uma maior resistência
à corrosão pode ser conseguida. O resultado é um recobrimento contínuo e uniforme, garantindo
uma excelente resistência química à corrosão e alta resistência a intempéries.
Quais são suas vantagens?
Ao ser imersa, a peça entra diretamente em contato com a tinta, proporcionando a pintura de
toda a área. Há um melhor acabamento estético, pois a pintura chega a áreas de difícil acesso
e partes internas. Além da alta eficiência de aplicação, a KTL é ecológica, pois não possui
metais pesados, a solução é aquosa e não são usados solventes. Ela também não polui o meio
ambiente.
Aplicação:
Até chegar ao resultado final, as peças se submetem a um longo processo. Primeiro é o
pré-tratamento seguido do KTL, onde recebem a produção anti-corrosiva. Em seguida, são elas
mandadas para a secagem na estufa e, depois de secas, vão para o primer, a primeira pintura.
“A última etapa é o acabamento, onde é aplicada uma base e depois o verniz, para dar brilho”,
afirma Cláudia Uehara, coordenadora técnica do laboratório de desenvolvimento de cores da
Basf. A única peça que exige uma pintura especial é o para-choque, que exige uma outra
aplicação por ser plástico.
Na repintura, o processo é um pouco diferente. “A maioria das tintas de repintura automotiva
é aplicada por meio do sistema de automização em que é usada uma pistola de trabalho que
funciona com ar comprimido. Os equipamentos mais modernos já não ‘sugam’ mais a tinta. Eles
trabalham com um sistema de administração de materiais por gravidade. Isso aproveita melhor o
material, dá um excelente acabamento e também garante um redução de até 30% na emissão de
compostos orgânicos voláteis”, diz Marco Pargas, supervisor do segmento de alta tecnologia de
repintura da DuPont.
Dica:
A manutenção da pintura é simples. “É aconselhável que o condutor lave o carro com produtos
neutros, para que não ter problema com a acidez ou alcalinidade”, afirma Penalva. A cera é
recomendada para carros mais velhos e os que estão com a pintura desgastada. Mas, nas grandes
cidades, essa necessidade é antecipada. “A própria exposição à chuva e à poeira vai
desgastando a pintura”, afirma o gerente técnico da Basf.
Outra recomendação está na maneira de lavar o carro. Deve-se evitar alguns lava-rápidos. “Por
tratar-se de uma ‘linha de produção’, alguns estabelecimentos não possuem o devido cuidado
com a mistura de sabão e água, podendo esta mistura até ser reutilizada. Soma-se a isso o uso
do mesmo pano com impurezas acumuladas de outros carros, o que pode riscar a pintura”, afirma
Praga. Para o condutor mais cuidadoso, o supervisor do segmento na DuPont, indica: “a
utilização de ceras feitas a base de óleo de carnaúba ajudam na manutenção e dificultam o
acúmulo de impurezas na superfície do carro. Sem dúvida, as cores escuras exigem mais
cuidados, pois qualquer risco ou mancha fica em evidência”.
Polimento e Cristalização:
A idade do carro não afeta somente a parte mecânica, mas também a pintura. A cor fica mais
desgastada, surgem manchas e até rachaduras. Esses sinais indicam que o veículo precisa de
mais cuidados. “Toda a exposição à intempérie (chuva, areia, folhas) pode desgastar a
pintura. Em locais com chuva ácida, isso ocorre mais rapidamente”, diz Penalva.
Para recuperar o brilho perdido, uma dica é recorrer ao polimento. “Visa corrigir possíveis
imperfeições da camada de acabamento final ou meramente a eliminação de pequenas impurezas”,
afirma Pargas. Com o tempo, a tinta vai perdendo o verniz, que é recuperado pela técnica. “O
verniz é que perde o brilho, e o polimento o recupera. Em um carro que é melhor cuidado, pode
durar até 3 meses”, afirma Eduardo Hochheim, sócio-proprietário da Hochheim. Na indústria
esse procedimento também é usado. O polimento auxilia na extração de impurezas que caíram
durante a produção, acumulo de tinta e também as rebarbas que podem aparecer durante o
processo de pintura. Mas não se deve abusar da prática. O uso excessivo do polimento pode
remover a camada protetora o e verniz, devido ao seu processo inicial de desgaste para
conseguir reparar a pintura.O serviço é delicado e pode demorar até um dia para ficar pronto.
O preço gira em torno dos R$ 200.
Depois do polimento a outra opção é recorrer a cristalização. “É a aplicação de uma cera de
proteção que não agride a superfície aplicada”, declara Pargas. Cria-se uma película de
teflon (um material que não reage com outras substâncias) impermeável que impede que a
sujeira atinja a pintura. O uso é ilimitado, já que o ideal é que seja feito a cada seis
meses. Porém, é indicado que o polimento seja feito primeiro. “O polimento é o responsável
pela recuperação do brilho, a cristalização só mantém”, afirma Hochheim.